domingo, 30 de novembro de 2014

DISTRITO DE ÉVORA

A Lusitânia que convido a visitar é uma viagem no tempo a uma região totalmente romana que, com o fim das guerras civis internas, a partir do ano 27 a.C., no reinado do imperador Augusto e “criador” da Pax Romana, o Império Romano irá ter um longo período de paz e de estabilidade durante quase dois séculos. A pacificação total da Hispania, designação dada pelos romanos à Península Ibérica, muito contribuiu para que a vida quotidiana das populações se desenrolasse com paz, tranquilidade e prosperidade, também será neste período de maior estabilidade que detalhes da vida quotidiana daqueles que nos antecederam ficaram preservados para a história, mesmo apesar de não existirem grandes espaços monumentais no nosso território garanto-vos que vestígios não nos faltam encontram-se é dispersos um pouco por todo o lado por vezes bem debaixo dos nossos pés. Motivo suficiente para nos sentirmos pequenos nesta história? Óptimo, a ideia era essa, embarquemos nesta viagem pelos trilhos dos romanos no Alto Alentejo pelo distrito de Évora.

Évora

Évora é como um mil-folhas, camada a camada, foi-se formando desde há mais de dois milénios que gentes decidiram ocupar esta região para dela fazer o seu lar e a sua vida. Tem muitos sítios arqueológicos desde o Neolítico à Idade do Ferro no maior universo megalítico de toda a Península Ibérica, o Cromeleque dos Almendres (dos mais relevantes monumentos do género na Europa), o Menir dos Almendres e a Anta do Zambujeiro (o maior dólmen em Portugal) às grandes conquistas Romana e Muçulmana, à reconquista do território pelos cristãos e formação do Reino alcançando a época dourada durante o século XV quando se tornou residência dos Reis de Portugal até aos dias de hoje, tudo se torna claro neste emaranhado: uma cidade rica carregada de história a descobrir e um centro histórico como Património da Humanidade pela UNESCO

Com a pacificação de toda a Península Ibérica e a reorganização administrativa do território EBORA assume o estatuto de municipium” sob a designação de Ebora Liberalitas Iulia, em homenagem a Júlio César. Na primeira metade do séc. I d.C. após a fundação da cidade no âmbito do plano de desenvolvimento urbanístico e de afirmação como pólo aglutinador regional serão construídas ou melhoradas diversas infraestruturas na cidade com destaque na edificação de um templo como elemento central do fórum e da praça pública que se estendia do limite sul do jardim até à Sé e do Palácio da Inquisição até ao Palácio do Cadaval. Nessa altura a praça pública era o centro social de qualquer cidade romana e local de encontro da população, das decisões a tomar, onde se afixavam editais públicos ou eram lidos, em voz alta, as decisões emanadas do senado, em Roma. Desde a morte de Augusto os imperadores tentaram a sua permanência no poder pela assunção divina e culto imperial tornou-se no principal meio de coesão do império, no local do fórum é construído um santuário dedicado ao culto imperial centrado num templo com pórticos monumentais.



Mais tarde, nas dinastias imperiais seguintes dos Flávios nos reinados de Vespasiano e seus dois filhos Tito e Domiciano, Évora beneficiou de uma série de transformações urbanísticas como em tantas outras cidades da Lusitânia, do fórum e da praça pública, do templo e do edifício público termal.

Da Évora romana como vestígios mais importantes que sobreviveram até aos nossos dias é o Templo de Diana, o único vestígio visível do fórum na praça pública, a envolvê-lo existiria um tanque de água a embelezá-lo, criava um espelho de água ao seu redor, durante muito tempo foi considerado como dedicado a Diana, é hoje mais consensualmente aceite que tenha sido dedicado a culto imperial e, as ruínas do edifício termal público da cidade, construídas entre os séculos II e III, podem ser visitadas no interior da Câmara Municipal, na Praça de Sertório, é uma sala circular abobadada, o “laconicum”, destinada para banhos quentes e vapor, o grande tanque com três degraus, rodeado por um sistema de aquecimento, o hipocaustum, e pelas fornalhas (praefurnium). A “natatio” (piscina) rectangular ao ar livre não está acessível aos visitantes.


Laconicum

A instabilidade do império a partir do séc. III d.C., obrigou à construção de uma muralha defensiva em seu redor, da qual alguns elementos ainda subsistem, nomeadamente, o Arco Romano D. Isabel (antiga porta da muralha romana) no entroncamento da rua do Menino Jesus com a rua D. Isabel, entre outras, a Porta do Raimundo, Porta do Machede e Porta da Lagoa ainda na cidade miliário, dedicado ao imperador Maximino (235-238) e Máximo (383-388), na entrada do edifício das Estradas de Portugal (Circular de Évora – Rua Aníbal Tavares).


Miliário dedicado aos imperadores Maximino e Máximo
Finalmente, nas imediações do Convento São Bento de Cástris, por caminho de terra batida ao Aqueduto Quinhentista da Água de Prata, numa das sapatas assente em materiais diferentes de construção relativamente às actuais, tudo indica a presença de fortes indícios do anterior Aqueduto Romano, em resultado das últimas sondagens arqueológicas e alvo de estudos científicos.


 Coordenadas: 38º 34´57.2” N 7º 55´41.9” W

Museu de Évora

Ficha técnicaAbertura e encerramentoDuração da visita---

Rota I
Évora – Tourega – S. Brás do Regedouro – Valverde – Nossa Sra da Boa Fé

Tourega (Évora)

Villa Romana de Tourega ou das Martas


A área arqueológica visitável incide no edifício termal. Os banhos sempre estiveram associados à cultura romana, para onde quer que fossem, os banhos iam também e não se limitavam à lavagem do corpo embora o asseio fosse o objectivo, incluindo uma mistura de diversas e diferentes actividades: libertar suor, o exercício, a sauna, a natação, os banhos de sol, os jogos com bola, ser “raspado” e esfregado em privado e, nalguns casos, os banhos eram separados por sexos.

A data de ocupação foi entre o séc. I d.C./séc. IV d.C., e um importante estabelecimento rural na economia na região pela sua localização limítrofe a Évora e no apoio à via imperial de Olisipo (actual Lisboa) a Emerita Augusta (Mérida). 

Vista do Edifício Termal 
A entrada fazia-se por um corredor que conduzia a um edifício com duas áreas aquecidas pressupondo-se tratar de um edifício dotado com termas duplas, para homens e mulheres, é possível observar a sala dos banhos frios, o frigidarium e uma natatio, e salas destinadas aos banhos quentes, o tepidarium e o caldarium, aquecidas através de um sistema de aquecimento, assente sobre suspensurae (arcos em tijoleira), o hypocaustum, sob os quais circulava o ar quente produzido proveniente das praefurnia (fornalhas) sobre as quais eram colocadas as caldeiras geralmente de bronze onde a água aquecida era conduzida através de canalizações em chumbo às salas dos banhos quentes, no mesmo local as estruturas de outro edifício de dimensões mais amplas que serviria de armazenamento de água.



Tepidarium e caldarium




Frigidarium

Sistema de aquecimento (hipocaustum)

Ficha técnicaCoordenadas: 38º 30´05.1 N 8º 01´36.1” WLocal
Évora/Alcáçovas (EN380) em direcção a Tourega por caminho de terra batida cerca de 800 metros, situa-se nas traseiras de cemitérioAcessoAberto ao público, sendo para isso necessário solicitar as chaves na casa junto da igreja, entrada gratuitaDuração estimada da visita
40 minutos
ClassificaçãoIMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO

S. Brás do Regedouro (Évora)
Ponte Romana?-Medieval de Alcalainha

Estado de conservação: rural – vestígios de calçada romana original
Via romana: consultar vias romanas.pt
Acesso: S. Brás de Regedouro (EN380) no cruzamento para a povoação, caminho em frente de terra batida serão cerca de 3 km
Coordenadas: 38º 26´55.0” N 8º 05´12.8” W 

Valverde (Évora)
Miliário da Mitra (anepígrafo)


Ficha técnicaCoordenadas: 38º 32´06.2” N 8º 00´45.6” W
LocalÉvora/Alcáçovas (EN380) a Valverde (CM 1079)AcessoNo cruzamento antes da Anta do Zambujeiro (à esquerda), por caminho em terra batida até ao local, a 200 metrosDistância percorrida1 KmDuração da visita
10 minutos

Anta do Zambujeiro



Ficha técnicaCoordenadas: 38º 32´20.6” N 8º 00´50.8” W
LocalÉvora/Alcáçovas (EN380) a Valverde (CM 1079) – local está sinalizadaAcessoCaminho em terra batida até ao localDistância percorrida1,8 KmsDuração da visita
20 minutosClassificaçãoMONUMENTO DE INTERESSE NACIONAL

Menir dos Almendres



Ficha técnicaCoordenadas: 38º 33´51.4” N 8º 02´52.7” WLocalGuadalupe – local está sinalizado
AcessoCaminho em terra batida até ao local a pé desde o parque de estacionamento (200 metros)Distância percorrida7,0 KmsDuração da visita
35 minutosClassificaçãoIMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO

Cromeleque dos Almendres



Ficha técnicaCoordenadas: 38º 33´30.7” N 8º 03´42.0” WLocalGuadalupe, local está sinalizado
AcessoCaminho em terra batida até ao localDistância percorrida8,8 KmsDuração estimada da visita
35 minutosClassificaçãoMONUMENTO NACIONAL

S. Brissos (Évora)
Miliário (anepígrafo)

Local: Igreja Paroquial no lado esquerdo da igreja
Acesso: saída Évora/Santiago do Escoural (EN370) a S. Brissos (CM1079-1)

Nossa Senhora da Boa Fé (Évora)
Ponte Antiga do Lagar da Boa Fé


Estado de conservação: rural
Acesso: Évora/Santiago do Escoural (EN370) a Boa Fé ponte está sinalizada no interior da povoação
Coordenadas: 38º 33´00.3” N 8º 05´41.1” W

Ficha técnica
Época recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
54,0 kms
Duração recomendada
1 dia 

Rota II
Évora – Santuário de Nossa Senhora d´Aires 

Aguiar (Viana do Alentejo)

Anta de Aguiar



Ficha técnicaCoordenadas: 38º 23´25.9” N 7º 58´12.1” WLocalAguiar (EN254) – local está sinalizado na estrada nacional
Distância percorrida24,2 kms de ÉvoraDuração da visita
15 minutos

Nossa Senhora d´Aires (Viana do Alentejo)

A data da fundação da primitiva ermida que deu origem ao actual santuário perdeu-se na história. Perante tal facto, surgem duas teses esgrimindo cada uma delas seus argumentos: a primeira, atribuindo a sua fundação à Ordem do Templo, sustentada pela presença da Cruz de Cristo na capela-mor, a segunda, que através duma inscrição em latim, atribui a sua fundação ao lavrador Martim Vaqueira, que por voto, terá ordenado a construção na sua Herdade de Paredes. Esta Herdade de paredes está num outro debate histórico, uma vez que alguns estudiosos põem a hipótese que também este espaço religioso, nomeadamente a designação de Aires, terá emanado da hipotética existência da cidade romana de Ares, que a existir, teria existido no espaço desta herdade. Deste modo, o nome de Senhora D`Aires terá evoluído ao longo dos tempos, desde senhora de Ares até à sua forma actual. O Santuário de Nossa Senhora D`Aires é Monumento Nacional desde 2012.

No adro do Santuário encontram-se duas aras (inscrições funerárias) a:

Epitáfio de Letoides



Epitáfio de Euprepria


Coordenadas: 38º 20´26.7” N 7º 59´08.4” W

Ficha técnica
Época recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
31,3 kms
Duração recomendada
1 dia

Rota III
Évora – Santana do Campo – Santa Vitória do Ameixial – Estremoz - Évoramonte

Santana do Campo (Arraiolos)
Templo Romano 




Ficha técnicaCoordenadas: 38º 46´00.7” N 8º 01´59.6” WLocalIgreja Paroquial de Santa AnaAcessoArraiolos (EN370) em a direcção a Santana do CampoDistância percorrida7,8 KmDuração da visita
10 minutosClassificaçãoMONUMENTO NACIONAL

Santa Vitória do Ameixial (Estremoz)

Villa Romana de Santa Vitória do Ameixial

A cronologia da villa terá sido construída entre finais do séc. I a.C. e inícios do séc. IV d.C.. Era uma villa agrícola constituída por diversas áreas tradicionalmente presentes neste género de edificações, isto é, além da imprescindível habitação do proprietário e família, a pars urbana, localizavam-se toda uma série de outras edificações destinadas aos criados, a pars rustica, e estruturas às actividades de transformação de produtos, a pars frumentaria (lagares de vinho e azeite, celeiro e armazéns diversos) na base da elevação norte, e claro, o edifício termal


Sabe-se que os trabalhos realizados puseram logo a descoberto parte das termas a sala do frigidarium e o mosaico de Ulisses em exposição no Museu Nacional de Arqueologia, da casa do proprietário foi posto a descoberto, o peristylium o tanque central, ao seu redor, salas e quartos pavimentados a mosaicos, a cozinha e compartimentos de apoio, esta área da estendia-se ao longo de toda a elevação, descendo para oeste encontrando-se grande parte sob a povoação. 

Ficha técnicaCoordenadas: 38º 53´58.6” N 7º 40´37.5” WLocalSanta Vitória do Ameixial (EN245), sinalizada à entrada da povoação
Acesso
Encerrada ao públicoDuração da visita
10 minutosClassificaçãoMONUMENTO NACIONAL

Évoramonte
Miliário dedicado a Crispo, Licínio Júnior e Constantino II

Para se ver o miliário que está localizado no interior da igreja, na maioria das igrejas e capelas encontram-se encerradas temos que ter conhecimento antecipado dos horários da abertura aquando da deslocação a este local.

Local: Igreja Matriz de Sta Maria – a abertura da igreja a 15 de Agosto
Coordenadas: 38º 46´13.4” N 7º 42´59.3” W

em breve (imagens)


Estremoz

Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho




Ficha técnicaAbertura e encerramentoManhã: ---Tarde: ---Encerra: ---
Duração da visita
1 hora

Ficha Técnica
Época recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
118,9 kms
Duração recomendada
1 dia